SEIXOS BRANCOS
Não jorram como fontes
nem correm em fio
qual lágrimas:
seixos brancos e lisos
as palavras se afundam
nas espessas águas
do rio que atravessa
o meu coração.
Não me consola mais
dizer
rouxinol, pomar
fonte, sino, roseiral
penhasco, cereja, chafariz
moinho, concertina, pinhal
praça, guitarra, alecrim
ribeira, rosmaninho.
As palavras já não me aquecem.
Às vezes digo aldeia
e o silêncio paira
pluma que se perde
sobre a neve...
***
ACALANTO PARA MANUEL
Assim que o sol vai dormir
com edredom bem fofinho
entre nuvens de cetim
mando chamar estrelinhas
com pós de pirlimpimpim:
com elas teço cantigas
aos teus sonhos
serafim.
Peço aos anjinhos do céu
que cantem bençãos pra ti.
Depois, quando vem a lua,
linda lua de marfim,
nela embalo teu soninho
com doçuras de alfinim.
***
SIGNOS
...livro aberto
na mesinha de cabeceira
portajoias
caixa de música
xícara
sobre a mesa
vidro de perfume
anel
retrato
vestido sobre a cama
coisas
tantos e tantos signos
da engrenagem da vida
gestos expostos
emoções à deriva
espalhados
na pressa
da partida.
( in RUMOR DE VENTO, Panamérica Nordestal Editora
Recife/2009)
Cara Lourdinha:
ResponderExcluirEstes poemas me falam fundo ao coração...
Despertam sementes em profunda dormência...
Me impelem ao vôo.
Aguarde ruflar de asas.
Abraço fraterno,
oscar