APASSIONATA
De madrugada
andante
o vento
veio
assobiando
para
anunciá-la.
Em surdina
mãos de anjos abriram
a partitura :
acordes, arpejos
tilintar de
candelabros.
Nos teclados de julho
a sonata da chuva:
cascata de cristal
-- apassionata.
(inédito, julho/2013)
Nestas sonatas de inverno
cachoeiras pluviais
pluralizam-se os eternos
dilúvios conventuais:
cisternas de aves retidas
em claustro de pedra e sombra
inventário de outra chuva
que em minha chuva se alonga.
Cursos d´água que reatam
um a um os vendavais
mantos, rendas de arrepios
nos ombros das sombras nuas
sobrepostas nos vitrais.
( in Relógio d ´Água)
Maria Hortas
Conversas de botequim
Acrílico sobre tela
0.80 x 1.60
DE CHUVA quero esta cantiga mansa
por ti deslize como desliza a dança
da chuva pelo sonho da infância.
De chuva quero esta cantiga terna
em ti se empoce como se guarda eterna
a chuva no escuro da cisterna.
( in Flauta e Gesto)
ACALANTO
Quando a noite passeia pelo jardim a brisa
traz de volta a infância no seu coche noturno.
E no sono regressa a dolente cantiga
contradança de inverno
pandeiretas de chuva.
O marulho do bosque
conversas de arvoredo
de um mundo sem pressa
hibernando em segredo.
Negra molhada noite
onde respira a vida
contradança de inverno
pandeiretas de chuva.
( in Fonte de Pássaros)
PLUVIAL
Vergastando a noite
Vem a chuva
ventania
subitamente abrindo
todas as janelas
do meu coração.
( in Fonte de Pássaros)
Maria Hortas
acrílico s/ tela
da série JARDINS
0.60x0.80
CÍCLICO
De vez em quando um vendaval me visita
e arreda as telhas do telhado:
estrelas me espreitam e bentevis me acordam.
( in Fonte
de Pássaros)