1. ROSA/ROSAE
Não haveria a rosa
se entre as rosas
não existisse a rosa
mais antiga
essa rosa-raiz
rosa-semente
inevitável rosa
sempre ardente
há milenios se abrindo e se esfolhando
entre a rosa da aurora
e do poente.
2.PRIMAVERA
São asas de mil pássaros
esses bandos de rosas
que partem, revoando
cumprindo seu destino
de rosas que, abertas
floriram seu instante
minutamente belas.
( in Dança das Heras/ Ed. Átrio, Lisboa,1995)
sexta-feira, 25 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
UM POEMA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
UM DIA
Um dia, mortos, gastos, voltaremos
a viver livres como os animais
e mesmo tão cansados floriremos
irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
dos gestos agitados, irreais,
e há-de voltar aos nossos membros lassos
a leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
através do mistério que se embala
no verde dos pinhais, na voz do mar
e em nós germinará a sua fala.
( Do livro DIA DO MAR, Lisboa /1947)
Um dia, mortos, gastos, voltaremos
a viver livres como os animais
e mesmo tão cansados floriremos
irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
dos gestos agitados, irreais,
e há-de voltar aos nossos membros lassos
a leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
através do mistério que se embala
no verde dos pinhais, na voz do mar
e em nós germinará a sua fala.
( Do livro DIA DO MAR, Lisboa /1947)
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto,
mas viveu a maior parte da sua vida em Lisboa.
É considerada pela crítica como
a maior poetisa de Portugal até hoje.
Teve forte atuação política.
Foi deputada.
Faleceu em 2004.
Pela sua grande afinidade com o mar
há poemas seus inscritos
nas paredes do Oceanário de Lisboa.
terça-feira, 22 de março de 2011
Diário de Aldeia
Bailia
Bateste-me à porta
Tresloucada amiga:
De onde vens velida?
Bailemos, amiga,
A tua cantiga,
Pelo monte afora.
Bailemos agora
Por vales floridos
Ó chuva perdida.
Brunindo os cajus
E as mangas, bailemos
Lavando as faianças
Das folhas
Dancemos.
Ó chuva benvinda,
Bailemos agora
Por vales, por serras,
Pelo mundo afora.
(in Fonte de Pássaros, 1999)
Bateste-me à porta
Tresloucada amiga:
De onde vens velida?
Bailemos, amiga,
A tua cantiga,
Pelo monte afora.
Bailemos agora
Por vales floridos
Ó chuva perdida.
Brunindo os cajus
E as mangas, bailemos
Lavando as faianças
Das folhas
Dancemos.
Ó chuva benvinda,
Bailemos agora
Por vales, por serras,
Pelo mundo afora.
(in Fonte de Pássaros, 1999)
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22/3/2011
A cerca de jasmins escorre chuva
perfume intenso acordando o sol.
A rosa da manhã desfolha-se luminosa
diluindo o silencio entre água e luz.
O flamboyant contou seus segredos ao vento
que os semeou na relva do jardim.
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