Um dia, mortos, gastos, voltaremos
a viver livres como os animais
e mesmo tão cansados floriremos
irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
dos gestos agitados, irreais,
e há-de voltar aos nossos membros lassos
a leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
através do mistério que se embala
no verde dos pinhais, na voz do mar
e em nós germinará a sua fala.
( Do livro DIA DO MAR, Lisboa /1947)
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto,
mas viveu a maior parte da sua vida em Lisboa.
É considerada pela crítica como
a maior poetisa de Portugal até hoje.
Teve forte atuação política.
Foi deputada.
Faleceu em 2004.
Pela sua grande afinidade com o mar
há poemas seus inscritos
nas paredes do Oceanário de Lisboa.
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